-O berne é uma pequena larva da mosca berneira que
enfraquece os animais, diminui a produção de leite e carne e estraga o couro.
Para prevenir a instalação da larva é necessário fazer o combate das moscas,
limpando os pastos, currais e o local onde os animais bebem água.
Além disso, é recomendado retirar diariamente o esterco do curral para
evitar o aparecimento das moscas e desinfetar o vasilhame usado no manejo do
animal. Caso o animal já esteja com berne é necessário limpar o local onde a
larva está instalada no animal e passar pomadas ou pastas bernicidas para
matá-los. Os bernicidas sistêmicos são mais eficientes e podem ser injetados ou
usados sobre o couro dos animais ou ainda ministrados via oral.
É
importante também matar todos os bernes que caírem ao chão, pois eles podem se
transformar em novas moscas berneiras.
-O berne é uma ectoparasitose causada pela larva da mosca Dermatobia
hominis, comum no Brasil. O aparecimento dos bernes está relacionado a regiões
arborizadas com temperaturas moderadamente altas durante o dia e relativamente
frias durante a noite, chuvas moderadas a abundantes, vegetação densa e um
número razoável de animais.
Os danos causados aos animais são decorrentes da fase parasitária com o
desenvolvimento de nódulos subcutâneos (processo inflamatório), irritação (dor
e desconforto), infecções secundárias bacterianas (abscessos) e sangramentos
(bicheiras).
As perdas estão relacionadas à redução no ganho de peso, diminuição da
produção leiteira, gastos com mão de obra, medicamentos, desvalorização do
couro e predisposição a outras doenças, bem como às bicheiras.
-O ciclo da mosca berneira exibe uma particularidade curiosa: as fêmeas
não depositam seus ovos diretamente nos bovinos. Ela captura uma mosca de outra
espécie durante o vôo e deposita seus ovos no abdômen da mosca capturada. As
moscas capturadas são verdadeiros vetores de seus ovos e também são chamadas de
foréticos. Os principais vetores são a mosca-dos-chifres, mosca-dos-estábulos e
mosca doméstica.
Estudos da EMBRAPA relatam que animais com 20 a 40 bernes podem perder
de 9 a 14% de peso e os couros, com 10 a 20 perfurações em sua região nobre,
perdem de 30 a 40% do seu valor comercial. Calculando uma infestação média
anual de 20 bernes, com uma perda de 19,7 kg/animal/ano, a perda total nos
cerrados seria de 1,3 milhões de toneladas de peso vivo.
-O combate ao berne é um dos mais complicados entre todos os ectoparasitos,
pois a própria mosca D. hominis não se aproxima dos possíveis hospedeiros e sim
utiliza outras moscas para distribuírem seus ovos. Portanto, o controle do
berne implica no controle de um grande número de insetos. Por isso, na maioria
dos casos, o combate ao berne restringe-se ao tratamento das larvas presentes
no corpo do animal. É importante salientar que existe uma grande preocupação do
uso indevido de inseticidas, pois pode causar a seleção de cepas resistentes de
insetos foréticos, as quais podem causar um aumento no número dos casos e nos
níveis de infestação.
intensidade parasitária no bovino pode variar em função da época
do ano, pelagem (cor e tamanho do pêlo), região corpórea, região geográfica,
tipo de vegetação e o relevo de cada propriedade. Embora as larvas sejam
sensíveis aos inseticidas sistêmicos, a rápida mudança de gerações e a falta de
sazonalidade requerem que qualquer sistema de controle envolva tratamentos
repetidos.
-O controle efetivo deve ser implantado por meio de dois tipos de tratamentos,
o “Controle Estratégico Parasitário e Tático” no rebanho bovino da propriedade
(OLIVEIRA et al., 1999). O Controle Integrado deve ser realizado aproveitando
as oportunidades de manejo (por exemplo, manejo para a vacinação contra a febre
aftosa), em épocas onde as infestações ainda não são expressivas ou no início
do programa de Controle Estratégico. Quando as infestações já estão altas o
recomendado é o Ataque Múltiplo, que não descarta as demais medidas de
controle.
É fundamental adotar medidas de manejo como a remoção e tratamento dos
estercos, piscinas de decantação ou biodisgestores no controle de outras
moscas. Mesmo que a mosca berneira não faça a postura de ovos em fezes frescas,
vale lembrar que existem vetores em parte de seu ciclo e que muitos desses
vetores utilizam as fezes para multiplicarem-se. Portanto, se controlarmos a
população dos vetores, estaremos automaticamente controlando a população de
moscas berneiras.
O controle da mosca do berne deve ser local e sempre que possível realizado
em todas as propriedades vizinhas, o que resulta em resultados mais eficientes
e duradouros.
Barreiras para o controle efetivo do berne:
1. Grande diversidade de animais
alternativos (silvestres, selvagens e domésticos) facilitando a reprodução dos
bernes;
2. Grande número insetos transportadores
dos ovos da mosca do berne;
3. Sistemas de criação que facilitam a
movimentação dos animais em áreas de risco com clima quente, úmido e com
árvores;
4. Uso de medicamentos veterinários com
período de ação curto;
5. Falta de estratégias eficientes de
prevenção e controle por parte dos pecuaristas (Controle Estratégico e Tático);
6. Resistência dos parasitos (vetores).
Controle e tratamentos
O controle pode ser obtido com o tratamento frequente por meio de
pulverizações, banhos ou preparações pour-on. Atualmente, entre os medicamentos
utilizadas no controle estão: os organofosforados (DDVP e Clorpirifós), os
piretróides (Cipermetrina) associados aos organofosforados, as ivermectinas
(endectocidas injetáveis) e fluazuron + abamectina. Os piretróides comumente
utilizados como carrapaticidas e mosquicidas têm pouca ação letal contra o
segundo e o terceiro estágio do berne, contudo, possuem excelente ação
repelente sobre as moscas vetores. Entretanto, os resultados obtidos nem sempre
são satisfatórios, devido às variações, histórico de utilização de
medicamentos, resistências e outras peculiaridades de cada propriedade.
Colosso Pour on, Colosso Pulverização e Cypermil Plus são exemplos de
associações de alta eficácia e excelente custo/benefício. A administração de
endectocidas injetáveis (Ivermectina OF, Iver LA, Aba LA e Master LP) ou pour
on (Fluatac DUO) também são altamente eficazes, quando utilizados em programas
de controle.
As ivermectinas são os endectocidas mais recentes e mais potentes
disponíveis para o combate do berne. Doses de 200 mcg/kg de peso vivo da
ivermectina e abamectina são altamente eficazes no controle de todos os
estágios do berne. O combate indireto do berne por meio do controle dos vetores
está se tornando uma realidade com o uso da ivermectina e doramectina, pois
fezes provenientes de bovinos tratados com essas substâncias não permitem o
desenvolvimento das larvas dos vetores por 28 dias.
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