Quando
uma vaca tiver sido identificada como estando em cio, pode ser levada para um
touro para se efetuar uma cobrição por monta natural ou pode ser inseminada
artificialmente. Se houver um touro na presença das vacas, este encarregar-se-á
da cobrição natural. Contudo, o produtor pecuário deve registar isso para se
determinarem as datas da secagem e do parto seguinte.
Se
houver um programa de inseminação artificial (I.A.), poder-se á desejar fazer
uso deste tipo de serviço para que as vacas em cio
fiquem
prenhes. De notar que uma inseminação deve efetuar se sempre durante a segunda
metade do período de cio, preferivelmente 6 - 12 horas após os primeiros
sintomas do cio. Para a cobrição por monta natural deve-se apresentar a vaca ao
touro quando esta tiver o reflexo de imobilização (sinal de pleno cio). Uma
regra geral é que as vacas que, durante a manhã, forem detectadas como estando
em cio, devem ser cobertas na tarde do mesmo dia e aquelas que entrarem em cio
durante
a
tarde devem ser cobertas de manhã cedo no dia seguinte.
Se
uma vaca tiver que esperar para o serviço da inseminação artificial, deve ter
mantida, preferivelmente, na sombra e ser-lhe dada água para se evitar um
aumento da temperatura corporal. Deve-se ter cuidado para que não se produza stress
(devido ao calor), visto que isto reduziria a taxa de concepção. Para se obter
um melhoramento genético é importante selecionar cuidadosamente o touro ou o
sémen adequado. Em zonas de potencial elevado e em condições de bom maneio,
pode se considerar o cruzamento do gado local com um touro de raça leiteira.
Nas
regiões tropicais húmidas, uma opção potencial é o cruzamento com raças
leiteiras de zebu, como sejam a Sahiwal e a Red Sindhi. A escolha do touro deve
efetuar-se com cuidado, mesmo se for dentro das mesmas raças, tomando em consideração
a vaca que se pretende produzir e as condições específicas vigentes na
exploração agropecuária. Recomenda-se vigorosamente recorrer ao aconselhamento
de especialistas locais. Pode-se efetuar a cobrição duma vaca a partir do
segundo período de cio depois dum parto, quer dizer, após, aproximadamente, 45
a 50 dias. Durante o primeiro cio efetua-se a última parte da recuperação pós-parto
do útero e, nesse momento, as probabilidades de concepção são reduzidas. Se uma
vaca, depois de ser coberta, entrar outra vez em cio, depois de,
aproximadamente, 3 semanas, é óbvio que a concepção não foi efetuada, de forma
que a vaca necessita de ser coberta outra
vez.
INTERVALO ENTRE PARTOS
O
intervalo entre partos é o período que decorre entre dois partos sucessivos. O
intervalo ideal entre dois partos é de um ano (12 meses).
É
possível dividi-lo em dois períodos separados, quer dizer, um período aberto,
que é o período entre o parto e a concepção, e um período de gestação ou
prenhez. Como a duração da prenhez constitui um período fixo de 9 meses, o
intervalo entre partos depende, completamente, da duração do período aberto.
O
período aberto deve ter uma duração de, aproximadamente, 3 meses, o que implica
que para uma vaca sadia que entra em cio a 50 dias após o parto, esse momento é
apropriado para fornecer-lhe o serviço de cobrição. Contudo, em muitas explorações
agropecuárias o período aberto é muito mais prolongado que 3 meses, devido às vacas
não entrarem em cio, ou a não se detectar o cio, ou à cobrição não ter êxito.
O
resultado é que o intervalo entre partos é mais longo, tendo, muitas das vezes,
uma duração de 15 meses, ou até superior.
Quanto
mais curtos os intervalos entre os partos, tanto maior a produção total do
animal durante a sua vida. Em todo caso, deve-se pretender manter intervalos
entre partos com uma duração inferior a 15 meses ou 450 dias. Isto coincide com
uma taxa de partos de 80 % ou até mesmo superior.
Figura
14: Resumo esquemático de um intervalo ideal, de 12 meses, entre dois partos
sucessivos.
Tradicionalmente, a taxa de partos é
expressa como uma parte dum ano inteiro ou 365 dias. Uma taxa de partos de 100
% implica que todas as vacas têm partos a intervalos médios de um ano. Uma taxa
de partos de 80% implica que o intervalo entre partos tem uma duração de
(365:80) x 100 = 456 dias (quer dizer, de aproximadamente 15 meses). Um
intervalo médio entre partos de 425 dias fornece uma taxa de partos de 365 x
100/425 = 86 %
PERÍODO SECO
Duma
forma ideal, o período de lactação leva 305 dias. Em combinação com um período
seco de 60 dias, isto fornece um intervalo ideal entre os partos, de um ano.
Muitas pessoas acham que uma nova gestação afeta negativamente a produção de
leite da vaca. Isto não ocorre até decorrer o sexto mês da prenhez. Quanto mais
curtos os intervalos entre partos, tanto mais lactações a vaca terá durante a
sua vida. Para além disso, se uma vaca tiver um período seco mais prolongado, pode
ficar demasiadamente gorda. Isto terá um efeito futuro negativo no que diz
respeito à lactação seguinte, de forma que o animal produzirá menos leite. É
melhor manter-se um intervalo entre partos com uma duração curta e um período
seco estandardizado de 2 meses. Para além disso, uma vaca lactante, mesmo se a produção
leiteira for reduzida, apresenta uma ingestão de alimentos e digestão mais
eficientes do que uma vaca seca. Portanto, deve-se continuar a ordenha mesmo até
2 meses antes de o animal ter parido. Desta forma tanto o animal como o
produtor pecuário ficam beneficiados.
Se uma vaca viver 6 anos depois do primeiro
parto, as variações no intervalo entre partos terão grandes consequências para
a produção total durante a sua vida. Contudo, as necessidades de alimentação
destas vacas e outros custos respeitantes à criação variam muito pouco. Isto
mostra que o intervalo entre os partos e a duração da lactação são sumamente
importantes para a
entabilidade
do gado leiteiro. Ver o Quadro 10.
Quadro
10: Vacas com 6 anos produtivos após o primeiro parto e uma produção média de
2000kg/lactação
LACTAÇÃO
Uma
curva de lactação normal duma vaca sadia e bem alimentada atinge o ponto
culminante após, aproximadamente, 6 a 8 semanas depois do parto. A partir desse
momento a produção diária de leite estabiliza- se e declina lentamente para atingir
a secagem 60 dias antes da data prevista do parto seguinte.
Muitas
das vezes, a curva de lactação segue o padrão normal até o ponto culminante,
mas a partir de aí a produção de leite apresenta um declínio brusco e, depois
de certo tempo, sobe levemente (ver a Figura 6). Isto deve-se, principalmente,
a uma alimentação não adequada, de modo que durante a produção de pico, a vaca
esgota os alimentos e também as suas reservas corporais, tornando-se muito
magra e a sua produção leiteira baixa. Quando recuperada desta deficiência
alimentar, a vaca aumentará, de novo, a sua produção leiteira, mas a um nível muito
inferior à sua capacidade. Portanto, perder-se-á uma grande quantidade da
produção potencial de leite. Para além disso, levará muito tempo até esta vaca
ficar prenhe de novo, de modo que o intervalo entre partos se torna muito
longo. Por conseguinte, é muito importante fornecer alimentos grosseiros de boa
qualidade e quantidades generosas de concentrados às vacas que estão na fase
inicial da lactação.
Deste
modo evitar-se-á um declínio brusco da produção leiteira depois da produção de
pico.
Figura
15: Curva de lactação duma vaca alimentada de forma inadequada durante a fase
inicial da lactação.
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